quarta-feira, 28 de maio de 2008

Eu, um voyeur...

Da minha janela, vejo a dela. Da minha janela, suspiro por ela. O quadrado da minha parede é, sim, uma janela. O quadrado da parede dela, não é. É, na verdade, uma moldura a emoldurar seu rosto lindo e encantador. Molduras boas não salvam figuras ruins, entrementes, a sua figura salva qualquer moldura. Da minha janela fico como um espião, paciente, esperando que ela apareça em sua moldura. Caso apareça de costas, não é de todo ruim, fico a apreciar seus longos cabelos pretos, de textura invejável e cheiro estupendo. Se por ventura aparecer de perfil, diria que é como um semi-prazer, seria como um decote, no qual a graça é justamente o não ver. Nessa posição se tem uma grande idéia de sua grande beleza. No entanto, se estou num dia de imensurável sorte, ela aparece a mim de frente e mesmo que seja longíqua a sua imagem, causa em mim uma sensação de torpor, sinto-me instantaneamente e prolongadamente anestesiado, ainda que estivesse sobre pontas de ferro em brasa, nada sentiria.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Uma rapidinha?[2]

Nosso saudoso e querido velhinho foi à outra agência bancária sacar sua estupenda aposentadoria. Chegando lá, procurou um outro estagiário, e também pediu-lhe ajuda, dizendo:
- Vim sacar minha aposentadoria.
- Sim, então coloque seu cartão e digite a senha do senhor!
- Você, por favor.
- Não posso senhor, tenho ordens para não saber a senha dos clientes!