quarta-feira, 28 de maio de 2008

Eu, um voyeur...

Da minha janela, vejo a dela. Da minha janela, suspiro por ela. O quadrado da minha parede é, sim, uma janela. O quadrado da parede dela, não é. É, na verdade, uma moldura a emoldurar seu rosto lindo e encantador. Molduras boas não salvam figuras ruins, entrementes, a sua figura salva qualquer moldura. Da minha janela fico como um espião, paciente, esperando que ela apareça em sua moldura. Caso apareça de costas, não é de todo ruim, fico a apreciar seus longos cabelos pretos, de textura invejável e cheiro estupendo. Se por ventura aparecer de perfil, diria que é como um semi-prazer, seria como um decote, no qual a graça é justamente o não ver. Nessa posição se tem uma grande idéia de sua grande beleza. No entanto, se estou num dia de imensurável sorte, ela aparece a mim de frente e mesmo que seja longíqua a sua imagem, causa em mim uma sensação de torpor, sinto-me instantaneamente e prolongadamente anestesiado, ainda que estivesse sobre pontas de ferro em brasa, nada sentiria.

3 comentários:

Anônimo disse...

"ainda que estivesse sobre pontas de ferro em brasa, nada sentiria."

Nuuss...profundo...hihi
gostei!!!

:p

Anônimo disse...

...autor???...vc mesmo??? Se for...
to gostando de ver meu branquelo...ficou mto bom o texto...ficou legal a analogia do "perfil" com o "decote" hahaha...
bjoo
...AaMOo...

Niara Monteiro disse...

Nossa... Cada dia que passa vc escreve melhor. Como já disse virou rotina ler seus textos, e acredito que isso seja algo positivo! É sempre uma bela surpresa acompanhar seu crescimento. E esse texto em particular, achei estupendo!
Sorte sempre