quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Problema grego!

Quem aparece sempre é vivo. Por isso ele está aqui de novo para escrever algo próprio, de sua autoria, nada de ficar escrevendo poemas esdrúxulos ou plagiando meros escritores ingleses que ninguém conhece.

Por tudo isso pouco, outrem está de volta para trasmitir-lhes palavras de saber. Não que seja sábio, ao contrário, tem tão pouca inteligência quanto aquele que é autodidata.

E agora ele começa o seu breve texto.

E aí vem uma dúvida. Começar por período simples ou composto? Se for por aquele terá que ser tão breve como uma chuva fina, se for por este eStenderá tanto que até os mais descritivistas lhe chamarão de agramatical. E esse é só o primeiro problema. Bom, optastes pelo período longo, por não ter apego às coisas pequenas.

Veio-lhe outra questão: escrever sobre fatos cognoscíveis ou não?! Nada como um conflito que já afligia aos gregos. Pensou em trasmitir uma idéia real, mas como trasmitir algo real apenas com as palavras? Para entendê-lo, ele teria que fazer cada um passar o que passou para compreender seu drama. Preferiu passar adiante.

Depois, um pouco cansado dessas questões assaz relevantes, resolveu finalmente transcrever seus pensamentos. E o texto começava assim : "Havia na vila de La Macha um senhor fidalgo que era deveras respeitado..."

Já se encontrava no segundo capítulo quando lhe veio uma pungente dúvida. O engenhoso fidalgo tinha um cavalo, todos os chamavam de Rocinante, inclusive ele. Entrementes, quando foi transcrever o nome a pena não seguia o pensamento. Não sabia se começava com R ou H, embora soubesse que o som era de /R/, e ademais não sabia se seria com C ou S, mesmo sabendo que o ruído seria de /s/. Por fim largou a pena e alimentou o fogo com suas folhas escritas.

Ali morreu uma história razoável.


R. de G.

4 comentários:

Niara Monteiro disse...

Pois que assim seja. Quem for vivo sempre apareça (ou quem aparecer esteja vivo!), para cruzarmos novamente estradas, pra celebrarmos a cultura, para que nos acrescermos de conhecimento. Tudo isso posto na banca, peguem o que puder carregar!

Marcondes disse...

Hoje eu estava pensando sobre sua resposta sobre a febre terçã e percebi que suas respostas muitas vezes são essencialmente metodólogicas, o que também caracterizam sempre seus textos. Há sempre um questionamento e uma busca pelo esquemático e métodico.

Srta. Festa disse...

Sabe, eu sou uma pobre coitada que ainda não decidiu que rumo tomar. Mas Gomide cara, você nasceu pra escrever!

E olha que eu não tô brincando, Tô estudando literatura pro vestibular e você me lembra muito autores consagrados por aí. Vai em frente viu!

Bjos

Thiago Terenzi disse...

o.O

Não sei como fui parar aqui - isso acontece com certa frequência. Mas gostei muito dos seus textos. De verdade.


Acho que voltarei aqui com mais frequência.


Parabéns ;)